terça-feira, 17 de março de 2015

Nossos pequenos crimes morais

É incrível como estamos nos distanciando de uma vida tranquila e mais saudável. De um tempo, onde a nossa preocupação era conviver com mais harmonia. Família era algo sagrado. Vizinhos eram forças de ajuda nas horas de maior necessidade. Antigamente, conhecíamos as pessoas de nossa rua, pelo nome, filiação – fulano, era o filho da dona menina; cicrano era o neto do seu fulano com quem tínhamos amizade e dividíamos, nas horas de necessidade, tanto uma xícara de açúcar quanto uma carona para ajudar a quem na vizinhança não tinha um transporte.
Hoje, as nossas amizades não têm a mesma substância daqueles tempos. São compartilhadas via redes sociais; mas não temos nenhuma relação de afinidade com aqueles que nos compartilham. Na verdade, nem os conhecemos. Não é que estejamos com saudade dos tempos em que, em Fortaleza, as pessoas conseguiam sentar na calçada para trocar conversas; mas é que a nossa vida mudou. E não foi para melhor. Vá botar uma cadeira na calçada hoje e você corre o risco de pegar uma bala perdida. De se deparar com um assaltante levando o que estiver ao alcance dele.
Todos reclamamos da insegurança, dos violentos, dos saqueadores, dos que prostituem um cargo público e roubam o dinheiro do povo; mas a maioria de nós não se envergonha em furar uma fila; em não ceder um lugar a uma pessoa idosa num ônibus; a jogar lixo no meio da rua; ou até mesmo levar vantagem porque alguém lhe ofereceu uma chance de ganhar dinheiro fácil. Todos só querem se aproveitar de tudo. E, por isso, perdemos a noção das coisas simples e verdadeiras. Como ser justo. Viver de forma honesta. E ser pessoa de vergonha. São valores morais, que valem mais do que dinheiro na mão ou no banco. Que importa muito mais do que buscar felicidade a qualquer preço, ainda que para isso, seja necessário vender o corpo. Roubar a confiança de alguém. Manchar o nome da família.
Esses pequenos crimes morais que, nos dias de hoje nos parecem algo tão comum, mostram que perdemos o melhor de nós mesmos. É preciso reconquistar esses valores. E consagrar a vida como um bem precioso.

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